Em que consiste a verdadeira obediência?

Qual foi a última vez que você escutou com atenção? 


A língua portuguesa já viu dias melhores, não é verdade? Diariamente usamos palavras sem refletir sobre o verdadeiro significado que elas carregam. Um exemplo clássico é a palavra "obediência". 


Vamos fazer um teste rápido: o que você visualiza quando ouve a palavra "obediência"? Pense um instante. Agora, veja se adivinhei: talvez tenha imaginado um pai severo, olhando de cima para baixo para o filho? Ou então, um líder autoritário diante de uma multidão silenciosa, pronta a seguir qualquer ordem sem questionar? Acertei? 


Pois bem, essa é uma interpretação, no mínimo, injusta dessa palavra. "Obediência" vem do latim ob-audire, que significa "ouvir com atenção". Vamos tentar de novo: o que surge na sua mente ao ler "ouvir com atenção"? Aposto que a imagem foi bem diferente da que você visualizou quando leu "obediência", certo? 


É justamente essa essência que quero defender. Obediência não deveria ser resultado de uma relação conflituosa e infeliz. A verdadeira obediência nasce da atenção, do respeito e da confiança.  A obediência genuína vem da percepção de que: "é a minha mãe quem está falando; eu a amo, confio nela, ela sabe o que é melhor para mim, ela sabe como o mundo funciona". Se a obediência for motivada por pensamentos como: "melhor fazer logo, senão vou me meter em problemas", isso é qualquer coisa, menos obediência. Fazer algo porque as circunstâncias te obrigam é totalmente diferente de fazer algo porque você ouviu uma palavra e escolheu segui-la. Um óbvio que precisa ser dito é que o “obedecer” genuíno é um movimento de quem obedece, e não de quem é obedecido. Se você precisa “fazer seu filho te obedecer”, você concorda que a obediência simplesmente não aconteceu? 


Outro ponto essencial nesta reflexão sobre obediência é a importância de inspirarmos pelo exemplo. Exigimos que nossos filhos e alunos sejam obedientes, mas e nós? A obediência é uma virtude, mas também um hábito, que começa a ser praticado na infância, mas é um exercício para toda a vida. Muitas vezes nos preocupamos muito com crianças desobedientes, mas estamos completamente cegos para nossa própria desobediência. 


As nossas crianças nos veem "ouvindo com atenção" uma Verdade maior do que nós mesmos? Elas percebem o nosso esforço em nos submetermos a essa Verdade, mesmo quando isso nos custa? Acredite, esse movimento não ajuda só as crianças, mas também a nós adultos, que frequentemente precisamos lembrar como é difícil, porém fundamental, saber "escutar com atenção”. 


Quais passos concretos podemos seguir para melhorar essa abordagem com nossos alunos e filhos? Eu gostaria de continuar essa conversa com você.

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