Como viver a virtude do Patriotismo?

Por Ronaldo Bohlke
Recentemente, um assunto que “agitou” algumas aulas na Academia foi a realização dos jogos
olímpicos. Pudera! Muitos de nossos alunos são atletas, e de destaque! São ciclistas, nadadores,
ginastas, lutadores de diversas artes marciais, jogadores de futebol etc. que se encantaram ao ver os atletas brasileiros representando o país no mais importante evento esportivo do mundo.
A empolgação com as olimpíadas foi tão grande, que tive de distribuir “medalhas imaginárias” nas modalidades olímpicas praticadas em nossas aulas: quem conseguiu resolver uma intrincada equação de 1º grau ou simplificar uma fração algébrica; quem sabia porque aquela palavra estava no acusativo numa sentença latina ou quem fez uma narração completa a respeito das consequências das “Leis do Milho” na Inglaterra do século XIX, e assim por diante. A gente entra na “onda”.
Foi mesmo bonito ver o entusiasmo das crianças com as competições esportivas de Paris, e era possível perceber que eles sentiam certo orgulho e admiração com as conquistas brasileiras no evento. Mas não pude deixar de me perguntar se essa admiração que os alunos mostraram pelo país vai além do âmbito dos esportes e, ainda, como ela pode ser aprendida e cultivada em
outros aspectos de nossas vidas.
Então, lembrei-me de um livro, publicado em 2008 pelo pesquisador Ayrton Marcondes na comemoração do centenário da morte de Machado de Assis. O título da obra é muito bonito, profundo e inspirador: “Um exercício de admiração”
Esse título me voltou à mente no curso dessas “aulas olímpicas”, e me fez pensar que é justamente isso que tentamos - e devemos - promover em nossas aulas e em nossas conversas com as crianças, quando tratamos de grandes personagens da nossa história e da nossa cultura, que encarnaram, viveram e promoveram valores elevados e nobres e buscaram semeá-los em nossa pátria.
Foram muitos os homens e mulheres de nossa história que colocaram a serviço de toda a nação
os seus talentos, os seus valores, a sua fibra, porque tinham gravado em seu coração aquele
nobre desejo de ajudar as pessoas ao seu redor a viverem também elas uma vida elevada, boa,
bela, verdadeira.
Assim, aprendemos a admirar o zelo de Dom Pedro I e Dona Leopoldina por nossa nação; a erudição e a autodoação de José Bonifácio; o senso de justiça de Joaquim Nabuco; a sensibilidade de Villa-Lobos ou de Cecília Meireles; os sacrifícios e a caridade de Madre Paulina ou de Irmã Dulce; e mesmo as críticas ácidas de Machado, de Lima Barreto e outros aos maus costumes correntes na sociedade de sua época, que eles queriam ver mais elevada. Esses personagens, e tantos mais, amavam o Brasil e queriam vê-lo grande, economicamente, sim, mas também - e sobretudo - social, moral e espiritualmente.
E nós também somos convidados a aprender a fazer o “exercício de admiração” desses grandes homens e mulheres, que ainda têm muito a nos dizer. Se praticarmos com afinco esse exercício, poderemos compreender, encarnar, viver os valores e as virtudes que nos foram legados, e poderemos ser “sal da terra”, da nossa terra, “a amada terra do Brasil”.
Texto publicado originalmente na Revista de Setembro de 2024 da Academia Dulcis Domus, disponível gratuitamente na aba "Livraria".