#MaratonaPrimus - Escolhendo um caminho a seguir | Live 1

Nesta semana demos início à #MaratonaPrimus! Toda segunda e quarta teremos lives no Instagram às 21h30 para ajudar você no planejamento do primeiro ano do Ensino Fundamental. Você pode assistir à gravação no IgTv ou ouvir o áudio disponível na Soundcloud e também no Spotify, Itunes e Youtube.


Se você prefere ler, teremos os resumos das lives aqui no blog também! Hoje começaremos com a Live #1 - Escolhendo o caminho a seguir.


Dizia John L. Beckley:


"A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar".


É difícil falar sobre planejamento porque, para algumas pessoas, é algo que flui tão organicamente que é quase como uma segunda natureza. Para outras, dá até dor de cabeça pensar em sentar pra planejar seja lá o que for. Talvez as primeiras pensem que nem precisam ouvir sobre planejamento, afinal é algo que já faz parte delas. As demais, por sua vez, precisam ser convencidas da relevância do assunto.

 

Planejar é um investimento no futuro


Não sei em qual dos dois grupos você está. Mas mesmo pra quem tem certa facilidade é sempre desafiadora a ideia de planejar um ano letivo inteiro, ainda mais se essa for a sua primeira vez. O primeiro ano formal de estudos traz consigo uma série de expectativas e dificuldades. É o primeiro passo de uma longa jornada, e como você bem sabe, é melhor caminhar na direção certa desde o início. Mas, não se assuste. Quero percorrer esse caminho contigo! É sempre bom sentar ao lado de alguém que está indo para o mesmo lugar quando você não conhece bem a estrada. Vamos lá?

 

Há um adágio popular na língua inglesa que diz "Measure twice, cut once" (Meça duas vezes, corte uma). Quem já se precipitou na hora de cortar tecido ou madeira e acabou perdendo o material sabe bem a importância de investir tempo na preparação. Todo tempo dedicado a planejar é um investimento no futuro que evita desperdício de dinheiro e energia na hora de executar.

 

Pra onde você quer ir?


Muito bem. Agora que você já se convenceu de que deve sentar e planejar bem sua jornada, preciso fazer uma pergunta. Pra onde você quer ir? O primeiro passo no planejamento de uma viagem deve ser definir o destino final. De nada adianta encontrar uma super promoção de passagem aérea para a Bahia quando você ainda não decidiu se quer passar férias em Gramado ou no Guarujá. Ou, para citar Sêneca, nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.

 

No exemplo acima, o destino das férias vai determinar seu orçamento, o meio de transporte escolhido e até o tipo de roupa que vai na mala. Antes de planejar como você vai, é necessário escolher para onde. Como é o filho homeschooler que você espera encontrar no final do terceiro ano do Ensino Médio? As escolhas que você faz agora, somadas às dos próximos anos, são responsáveis por formá-lo. Pense no primeiro ano como a semente de uma árvore. Se queremos colher figos, não adianta semear abrolhos.

 

Escolhendo um método


Quando uma família opta pela educação domiciliar, deve escolher um método. É verdade que algumas famílias simplesmente procurar as diretrizes do MEC e compram os livros didáticos correspondentes, mas a grande maioria não se contenta com isso e quer algo melhor para os filhos. Os métodos mais comuns na atualidade são:


  • Clássico
  • Charlotte Mason
  • Montessori
  • Waldorf
  • Unschooling

 

Aqui, nesta série, vou me referir principalmente às famílias que já fizeram essa escolha. Não teríamos tempo para discutir pormenorizadamente o primeiro ano do Ensino Fundamental em cada uma dessas propostas, certo? Por isso, vamos concentrar nossos esforços em Charlotte Mason, que é a proposta que eu escolhi para o meu homeschool - e, por isso mesmo, tenho estudado mais a respeito.

 

Talvez você esteja se perguntando o porquê de fazermos uma série de lives pormenorizando o primeiro ano formal de uma educação Charlotte Mason dentro de uma página que se diz clássica. Não seria melhor tratar do Trivium? As crianças do primeiro ano não estão na chamada "fase da gramática"?

 

Verdade seja dita: Essa história de "fase da gramática" é tão antiga quanto o sócio-construtivismo de Vygotsky: Ambos datam do século XX. Se você, como eu, tem carinho pela educação clássica por acreditar que ela tem formado homens sábios desde a Antiguidade e que, por isso mesmo, passou pelo "teste do tempo", é melhor rever suas fontes. A maioria dos guias utilizados hoje em dia por famílias homeschoolers que decidiram adotar o método clássico estão bem distantes do que era praticado por esses sábios do passado.

 

A Educação Clássica na atualidade


Esses guias neoclássicos foram publicados com base no ensaio de Dorothy Sayers, "The Lost Tools of Learning", que consistia originalmente em um discurso proferido pela escritora na Universidade de Oxford em 1947. Em resumo, Sayers comparou o Trivium (Gramática, Lógica e Retórica) com fases do desenvolvimento humano. Aplicando de forma aproximada essa proposta ao sistema educacional brasileiro, as crianças ficariam no estágio da Gramática do 1° ao 4° ano, entrariam no estágio da Lógica no 5° ano, e encerrariam o percurso com o estágio da Retórica no 9° ano e Ensino Médio.

 

Essa abordagem é ruim? É prejudicial para as crianças? Não sei. É recente demais para ser julgada. Mas, posso identificar dois problemas que surgiram a partir dela. O primeiro problema que ela trouxe foi o fato de que hoje em dia as pessoas começaram a entender a Gramática, a Lógica e a Retórica como fases, estágios, e não mais como artes liberais.

 

O segundo foi a confusão de termos. Para algumas pessoas, parece que “Educação Clássica” e essa coisa das “fases” são uma e a mesma coisa. Não são. Repito: Isso tudo começou só no século XX... Mas, não podemos culpar Dorothy Sayers. Ela – que, aliás, nunca nem foi professora e era uma romancista – fez apenas o tal discurso e teve o ensaio publicado. Ela não quis fundar uma escola de pensamento e nem inaugurar um método educacional inovador.


O método de Charlotte Mason

 

Por outro lado, o método de Charlotte Mason está muito alinhado com a tradição clássica, com essa tradição de pensamento que remonta à Antiguidade e tem em alta conta a contemplação do Bem, da Beleza, e da Verdade na educação. Não posso me deter muito sobre esse assunto aqui, mas para quem quiser aprofundar vale conferir a série de lives com o resumo do livro Consider This - Charlotte Mason and The Classical Tradition.

 

Algumas pessoas argumentam que Charlotte foi uma grande pioneira - o que é verdade! - e não admitem que seja incluída em uma "tradição" anterior. Talvez acreditem que isso roubaria algo de sua "originalidade". É bem verdade que esta grande educadora nunca disse que era uma educadora clássica e nunca quis ser associada a essa nomenclatura. Como bem pontuou Andrew Kern, ela não estava preocupada em pertencer a uma “tribo”.

 

No entanto, Charlotte disse muitas vezes que sua abordagem estava baseada na lei natural. Através da observação das crianças e do estudo atento do Evangelho ela pôde compreender muito sobre educação e traçar métodos concretos de ensino que acabaram por aproximá-la do ideal clássico, ainda que isso não tenha sido buscado diretamente. Ao contrário da proposta neoclássica, Charlotte não reinventou a roda, mas observou com olhos atentos como é que a roda gira.

 

Uma grande vantagem de bebermos dessa fonte é que ela está muito mais perto de nós historicamente, e conseguiu traduzir esse ideal milenar para a realidade do século XX. Seria bem difícil tentar pensar em como Aristóteles educaria uma criança no primeiro ano do Ensino Fundamental aqui no Brasil. Ou mesmo como os educadores medievais o fariam (se bem que, de todo jeito, eles não começariam o Trivium antes dos 12 anos...). Charlotte, por outro lado, deixou por escrito exatamente o que precisaria ser ensinado às crianças do primeiro ano.


 Um caminho possível


Por que não contarmos com a sabedoria acumulada ao longo de cerca de 60 anos dedicados inteiramente ao ensino de uma mulher que, embora nunca tenha se autodenominado clássica, reflete esse ideal como ninguém na modernidade? Charlotte Mason educou uma infinidade de crianças, formou professores, abriu escolas, escreveu livros, editou revistas, e ainda dirigiu uma união nacional de pais educadores. Não sei você, mas eu não tenho essa experiência toda. Por isso, prefiro me apoiar sobre os ombros de gigantes.

 

No próximo post veremos como estruturar o primeiro ano dentro do método de Charlotte Mason.

Falaremos sobre:

 

  • O que incluir no currículo do primeiro ano
  • Como distribuir os conteúdos na semana
  • Quanto tempo dedicar a cada assunto
  • Como organizar a rotina de estudos diária

 

Nos vemos lá!


Programação


1. Escolhendo um caminho a seguir (Veja como foi)⠀
2. Como planejar o primeiro ano do Ensino Fundamental (
Veja como foi)
3. Escolhendo os melhores livros (
Veja como foi)
4. Um currículo de Geografia para o 1° ano (
Veja como foi)
5. Um currículo de História para o 1° ano (
Veja como foi)
6. Um currículo de Ciências para o 1° ano (23/11 - 21h30) ⠀
7. Um currículo de Literatura e Alfabetização para o 1° ano (25/11 - 21h30)⠀
8. Um currículo de Inglês para o 1° ano (30/11 - 21h30)
9. Outras áreas de estudo para o 1° ano (Arte, Música, Matemática, Religião, Educação Física e habilidades para a vida). (02/12 - 21h30)



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